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Um salto para a fama

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jumpQuem leu o post, ‘FAIL no Elevador’, deve ter percebido que eu sou uma pessoa potencialmente distraida. Sou aquele tipo de pessoa que ao ouvir a pergunta “-Que horas são?” é capaz de derramar sob si mesmo o seu refrigerante pois teve que girar o pulso para ver as horas. Vocês já devem ter imaginado mas só para ficar claro: o relógio estava conectado ao pulso que estava conectado à mão que, por sua vez, se conectava ao copo que estava ainda com uma quantidade significativa de refrigerante. Sim eu fiz isso. Achei importante contar esta pequena história introdutória para que vocês possam se preparar psicologicamente para a história que está por vir. Se trata do dia que todo o povo que circula as barcas rio-niterói parou para perceber a minha humilde existência.

Talvez os novos usuários das Barcas SA. estranhem os fatos que vou narrar. Mas isto aconteceu já faz alguns anos, antes das catracas eletrônicas controlarem com um pouco mais de eficiência o acesso às embarcações. Então vamos começar a história. Eu estava chegando às Barcas em Niterói, já um pouco atrasado para meu estágio que era no centro do rio. E eu estava exatamente pensando no meu atraso e preocupado com ele quando percebo a barca em movimento. Pensei: -Caramba, ela já está saindo vou perder a hora! E comecei a correr na direção da Barca. Isto mesmo, eu correndo feito um louco para tentar alcançar uma barca em movimento.

E eu corria, e ela andava. Quanto mais eu corria, mais ela andava. Sim eu sei, isto é lógico. A barca não pararia por mim. Agora é óbvio. Para mim e para vocês. Mas por alguma razão, naquele instante, as coisas não eram tão óbvias assim. E sair correndo para alcançar uma barca me pareceu por um instante algo muito razoável.

Mas um fato novo aconteceu. Enquanto eu corria as pessoas começaram a gritar: “- Não pula. Pára! Não pula!”. Eram as pessoas que estavam na barca. Elas estavam verdadeiramente preocupadas comigo. E quanto mais eu corria na direção delas, mais elas pediam para eu não pular. Então um breve pensamento ocupou minha cabeça: “-Do que elas estão falando? É claro que eu não vou pular. Só um maluco pula em uma barca em movimento. Mas se eu não vou pular, porque afinal eu estou correndo?”

Então eu parei. Parei a tempo de ver os olhos assustados do povo que estava na barca. Parei a tempo de notar as caras assustadas do povo que estava perto da plataforma. E, finalmente, parei a tempo de perceber que a barca em movimento não ia mas, na verdade, estava chegando. :-O
Isso mesmo, eu estava em vias de saltar para dentro de uma barca em movimento que – digamos que, contra todas as possibilidades – eu conseguisse dar este magnífico salto e atingir meu objetivo – segundos após ela iria me trazer de volta para a plataforma!!!

E eu ali, ainda parado, e o povo ainda assustado talvez se perguntando o que eu faria em seguida. E o que eu fiz? O que qualquer pessoa lúcida e com um pouco de bom-senso faria: Dei, meia volta, evitei olhar para os lados e fui me retirando calmamente, como se nada de anormal tivesse acontecido!


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